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Com natureza e cultura, Paraty pode ser primeiro Patrimônio Mundial Misto no Brasil

Rodeada pelos morros da Serra do Mar e situada às margens da bacia homônima, Paraty (RJ) seria o único Patrimônio Mundial Misto na América Latina com um bem cultural vivo, e não em ruínas.



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Juntas, as listas de Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais e de Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade possuem 1,6 mil bens inscritos. O número é alto, mas a verdade é que é impossível vislumbrar um fim para a tarefa de inventariar locais e formas de expressão de valor universal excepcional.

A convenção de 1972, que criou as listas de Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais, previu ainda uma categoria mista – sítios cujo valor engloba características tanto da ação do homem quanto da natureza.

A depender do resultado da próxima reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que acontece em Baku, capital do Azerbaijão, de 30 de junho a 10 de julho de 2019, o próximo bem brasileiro a ser reconhecido pela Unesco pertence a esta categoria: a cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.

“Nós estamos confiantes porque foi empregado muito esforço e articulação para conseguir ter Paraty como Patrimônio Mundial”, diz Marcelo Brito, diretor de Cooperação e Fomento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Ao todo, são 38 bens mundiais mistos em todo mundo. Marcelo explica, no entanto, que a candidatura de Paraty é especialmente importante por se tratar de um bem vivo – o primeiro de toda a América Latina. Na região, há outros sítios na mesma categoria, mas são ruínas – como Machu Picchu.

“É o primeiro bem misto que se refere ao bem cultural vivo ao lado de uma natureza exuberante. Ainda que na candidatura existam sítios arqueológicos, há também as comunidades tradicionais, o centro histórico de Paraty, tem gente, vida, dinâmica”, afirma o diretor do Iphan.


Juntas, as listas de Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais e de Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade possuem 1,6 mil bens inscritos. O número é alto, mas a verdade é que é impossível vislumbrar um fim para a tarefa de inventariar locais e formas de expressão de valor universal excepcional.

A convenção de 1972, que criou as listas de Patrimônios Culturais e Naturais Mundiais, previu ainda uma categoria mista – sítios cujo valor engloba características tanto da ação do homem quanto da natureza.

A depender do resultado da próxima reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que acontece em Baku, capital do Azerbaijão, de 30 de junho a 10 de julho de 2019, o próximo bem brasileiro a ser reconhecido pela Unesco pertence a esta categoria: a cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.

“Nós estamos confiantes porque foi empregado muito esforço e articulação para conseguir ter Paraty como Patrimônio Mundial”, diz Marcelo Brito, diretor de Cooperação e Fomento do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Ao todo, são 38 bens mundiais mistos em todo mundo. Marcelo explica, no entanto, que a candidatura de Paraty é especialmente importante por se tratar de um bem vivo – o primeiro de toda a América Latina. Na região, há outros sítios na mesma categoria, mas são ruínas – como Machu Picchu.

“É o primeiro bem misto que se refere ao bem cultural vivo ao lado de uma natureza exuberante. Ainda que na candidatura existam sítios arqueológicos, há também as comunidades tradicionais, o centro histórico de Paraty, tem gente, vida, dinâmica”, afirma o diretor do Iphan.

Há, contudo, exemplos mais próximos. Potosí, na Bolívia, ganhou seu valor universal excepcional em função da forma única como a mineração de prata transformou a cidade em uma potência industrial no século 16. E é essa mesma mineração que a coloca em perigo hoje em dia: o Cerro Rico, uma icônica montanha ao lado de Potosí, foi desfigurado pela atividade.

Em dois casos particulares, no entanto, a Unesco retirou sítios da lista de Patrimônio Mundial. Um deles era um bem misto e outro natural, e suas histórias são distintas.

O Vale do Rio Elba, em Dresden, na Alemanha, recebeu o título da Unesco em 2004. O trecho destacado do rio tinha 18 km, cortava a cidade e incluía a paisagem ímpar da região, assim como construções históricas de Dresden, como um estaleiro de 1900.

A honraria também levava em conta travessias para pedestres do fim do século 19 e para trens do começo do 20. No entanto, o Elba é, afinal, um rio, e o aumento do trânsito da região colocou pressão para que novas passagens sobre ele fossem construídas.

Quando isso se traduziu nas obras de uma ponte de quatro faixas que é visível a partir do centro de Dresden, a Unesco avisou que isso comprometeria o visual do Vale do Elba de tal forma que deixaria de ser um Patrimônio Mundial. Para a população da cidade, a troca valia a pena – o sentimento geral era de que a nova ponte era mais importante que o título.

Em 2009, o Vale do Rio Elba saiu da lista de Patrimônios Mundiais. Apesar do gosto amargo, a Unesco deixou claro para o governo alemão que a região poderia se candidatar novamente, desta vez com outro recorte.


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Se Dresden perdeu o título em uma jogada que trouxe benefícios para os envolvidos, o mesmo não pode ser dito do Santuário do Órix da Arábia, no Omã. Com uma área total de quase três milhões de hectares, o Santuário atravessa regiões desérticas e costeiras no país onde viviam diversas espécies endêmicas animais e vegetais. Entre elas, o Órix da Arábia, que havia sido extinto na natureza 1972 e foi reintroduzido na área em 1982.

Considerado um bem natural mundial em 1994, o Santuário perdeu o título em 2007, depois que o governo do Omã decidiu reduzir a área de reserva ambiental em 90%. A população dos Órix da Arábia, que chegou a ser de 450 animais em meados da década de 1990, minguou a ponto de alguns pesquisadores a considerarem fadada à extinção na natureza novamente.

Patrimônio até debaixo d’água

Para acabar com essa longa história, vale falar de um outro tipo de Patrimônio Mundial, menos conhecido e sem representantes no Brasil.

São os Patrimônios Culturais Subaquáticos – estabelecidos em uma convenção de 2001 da Unesco. Nesse caso, os bens reconhecidos são naufrágios, estruturas humanas e cavernas submersas, traços de exploração marinha, entre outros. Há, inclusive, uma categoria (“Patrimônios da Paz”) dedicada a vestígios da Primeira Guerra Mundial.

Com seu extenso litoral, é óbvio que o Brasil tem centenas de locais que se encaixam nesses pré-requisitos. No entanto, nunca houve um consenso brasileiro sobre aderir a convenção. O argumento é que isso significaria perder autonomia sobre locais de interesse econômico e de segurança nacional para o país. Já imaginou um naufrágio cheio de ouro? Pois é.

Na verdade, a lista dos Patrimônio Subaquáticos é quase como um patinho feio dentro desse universo. Ao todo, 61 países assinaram a convenção até hoje. Para efeito de comparação, na convenção dos patrimônios culturais e naturais esse número é de 193 nações.

De qualquer forma, é mais uma ótica sob a qual conseguimos ver a beleza e a riqueza da Terra – continuamos em uma batalha constante para seguirmos explorando essas belezas.


Fonte: National Geographic - Fotos: João Calandrini

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